Andar no escuro é perigoso. A luz é indispensável. Ninguém gosta da escuridão. Exatamente por isso, Jesus ensinou que Ele é a luz do mundo (João 8.12). As trevas podem ser densas, impenetráveis, exigem faróis ou lanternas. Já tivemos candeeiros, archotes, lampiões, lamparinas, velas.
As trevas não resistem à luz. Na vida, nosso coração precisa estar repleto de esperanças para não sermos sufocados. Precisamos buscá-las, pois esperança não é só ficar à espera. Abraão soube fazer a diferença: ficou esperando contra a esperança (Romanos 4.18). Só ficar à espera é angustiante porque pode demorar a alcançar. Ela precisa de eficácia para nos animar, como essência da alma, ara chegar à felicidade. A esperança é carente de confiança, ansiosamente esperada e desejada, o caminho para chegar a um ponto seguro. É isso que Jesus está ensinando.
A felicidade que Jesus nos oferece é para sempre. Fazer nossa parte é o esforço para cooperar e merecer a graça de Deus. Precisamos estar sempre confiantes. A esperança é antônimo de desesperança, a presunção de apenas desejar um futuro melhor. Não criamos a esperança, recebê-las e dom de Deus. Não se pode esperar por aquilo que não passa de sonho ou ambição. Esperança é conexão direta com a fé. A fé utiliza a esperança para nela descansar (Tito 1.2 e 13). Aprendemos que a Bíblia é um conjunto de livros repletos de esperança, onde encontramos a certeza das coisas que esperamos e, ao mesmo tempo, das coisas que não vemos (Hebreus 11.1): Jesus é a nossa esperança (1 Timóteo 1.1). Não somos dependentes de aparência e coisas visíveis. Esperança nos ilumina.
Quando seguimos Aquele que é a luz do mundo, ganhamos a luz da vida: sempre acesa pelo impulso da graça e penetrantes olhos de ver, vencendo as trevas da morte, o pecado – derrotado pela força divina.
Tudo é encantador. Na mitologia grega, Pandora recebe de Zeus, no Olimpo, uma caixa fechada. É advertida para não abrir, porém, não resiste à curiosidade e abre. Lá de dentro escapam todos os males do mundo, como as doenças, mentiras, guerras, ódio, dores – tudo de ruim que pudesse castigar a humanidade. Bem no fundo da caixa, estava a esperança, a luz que nunca se apaga, e sim poderosamente forte, capaz de vencer o adversário e conseguir o avanço e a redenção. Na linguagem mitológica, trevas envolvem a humanidade, mas com a esperança tudo é possível.
Jesus não é só a luz de um povo, mas todo o mundo. Seu alcance não tem limites nacionais, mas universais.
Iluminação para todos, nas mais diferentes condições sociais, econômicas e intelectuais. Mansões e barracos. Sem exceções: José de Arimatéia, era rico; Nicodemos, doutor; Pedro, pescador; Zaqueu, publicano; Paulo, fariseu. Sem privilégios. Sem elites. Nada de monopólios. A boa nova, forte brilho na alma, é patrimônio da humanidade.
Há quem prefira não se deixar iluminar. Viver no escuro. Temos de ser identificado, detestando a luz. Foge porque a luz é Jesus, capaz de penetrar no mais íntimo de cada um. Quem rejeita não quer saber de arrependimento e julgamento.
NOSSA VEZ
A radiografia da História tem olhos proféticos. Pelo presente, aprendemos com o passado e projetamos o futuro. A Palavra é meio de comunicação, transmitindo a boa notícia na estrada do tempo. O amor de Deus é a luz que conduz. A luz verdadeira veio ao mundo. Deus conosco, irradiando a luz, cintilando faíscas que palpitam o tirmo da vida. No Filho, resplandece a realidade do Pai. Existem almas que não conseguem encontrar o que procuram. O cristão, mensageiro do Nosso Senhor, é o portador da Palavra que muita gente procura e necessita. É a semente que brota e traz na vida maior esperança para um coração cheio de espinhos, fornecendo um suplemento de espiritualidade, instalando a vida divina na alma humana. Esperança para o próximo, missão nossa. A vontade de Deus aparece em momentos grandiosos ou pequenas coisas. São meios escolhidos por Ele, manifestando-se com força e graça para nos purificar. É o nascimento de uma nova vida para a realização do Seu plano.
O Senhor já fez – e faz – muito amis do que a sua parte, enviando o Seu Filho unigênito, o Verbo a ensinar e sacrificar-se por nós. Espinhos ou terra fértil, nossa parte é transformarmo-nos numa belíssima seara, onde serão produzidos tantos frutos, como na revelação bíblica, que se multiplicarão a cem por cada um.
A esperança, não uma simples espera, torna necessária uma definição. Reflexão pela mente e luz para os olhos. Uma decisão individual que exige prévia iluminação para o encontro com valores eternos. Diógenes, o filósofo grego, andava pelas ruas, sempre com uma lanterna, dizendo que esta procurando por um homem verdadeira. Hoje, podemos peregrinar e encontrar a bem-aventurança, adquirindo a condição de cidadãos do reino. O Senhor está dentro de nós. A capacidade de amar é nossa. Jesus trabalhando em nós pela disposição de sermos Seus servos. Não se consegue transmitir aquilo que não se tem. A Palavra de Deus é a nossa Carta Magna para a nossa geração, coisas novas e velhas. O reino divino não é um fóssil arqueológico, algo fora da História. Ontem, hoje, amanhã.
AQUI E AGORA
Enfrentamos um drama contemporâneo. No outro lado do Atlântico, Europa, muitas igrejas estão fechando as portas. No lugar delas, instalaram-se livrarias, galerias, boates, lanchonetes e discotecas. A situação requer explicações. Fato: elas fecham por falta de fiéis, pastores e padres, voluntários e contribuições. Uma pesquisa do jornal Le Monde mostrou que a França, por exemplo, de cada dez pessoas, apenas duas vão à igreja, assim mesmo uma vez por mês. Alguns falam em pós-cristianismo. Errado: o cristianismo é duradouro, remete à eternidade, tempo e espaço, sendo perene, indelevelmente presente. Bem provavelmente, a resposta estaria exatamente no interior dos templos fechados. Talvez uma desafiante contracultura. Ou uma redenção em busca do estilo que possa ressignificar o passado, deixando de concordar com seus métodos do presente, provocando um vácuo religioso. Abandono da fé. Busca de conexão com o presente. Nessa mesma Europa, o protestantismo floresceu. Wesley, dissidente do anglicanismo, criou em Oxford o movimento metodista. O coração aquecido que pulsou em Aldersgate parece precisar de novo aquecimento.
Pelas Escrituras, vemos que o espanto dos nossos dias não é novidade. Haverá desprezo ao conhecimento de Deus, registra Paulo em Romanos 1.28. Surgirá um tempo em que não suportarão a sã doutrina (2 Timóteo 4.3), como acontece no íntimo dos vacilantes corações desigrejados, tendência que também nos atinge.
Quem é Jesus? Muitos não sabem além dos estereótipos. Isso sempre aconteceu mesmo nos tempos do Mestre. O próprio Senhor perguntou aos discípulos, diante do fascínio das multidões: quem dizem que sou eu? (Lucas 9.18). Só Pedro respondeu corretamente. Uns falaram em João Batista, outros Elias, e até num dos antigos profetas. A pergunta permanece no ar para os que ainda não sabem. Cabe a nós respondê-la.
Dagom, Baal, bezerros de ouro, animais e astros já foram forma de satisfazer a divindades consideradas espirituais. Não apenas isso. O século 16, que antevia a gestação do futuro, resultou no nascimento de uma nova era, a protestante, com a fé de Lutero. Que religião, em estado deplorável, é esta? A indagação feita pelo monge agostiniano, doutor em teologia pela Universidade de Wittemberg, sintetizava o profundo conteúdo das 95 teses que elaborou, preferindo chamá-las de “proposições”. Criticou e discordou com intrepidez das práticas dominantes, que incluíam vender indulgências – pagamento pela compra absurda de perdão pelos pecados. Na 52ª das teses, Lutero escreveu que esse tipo de esperança era “embusteira e mentirosa”. Foi intimado a ir para Roma e retratar-se. Mas foi firme na fé, mesmo corrente risco de ser condenado à fogueira, como herege: “não é seguro para o cristão falar contra a sua própria consciência”.
Hoje nos cabe responder à pergunta de Jesus: quem sou? A resposta vai levar à conversão de almas, nossa grande missão. Responder exige convicção absoluta, destemor, criatividade e perseverança. Marchemos! Avante!
Percival de Souza

