Caminhar sobre as águas

Publicado em Artigos, por Redação em 20/03/2024


“E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas.29 E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus.30 mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me!31 E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?” – Mateus 14.28

 

Queridas irmãs em Cristo Jesus.


Quando criança e ouvia na Escola Dominical ou na Escola Bíblica de Férias essa passagem do Novo Testamento – que claro era contada sobre a forma de história, com representação de figuras em um quadro de feltro chamado flanelógrafo – minha fértil imaginação se punha a “ver” a imagem em minha mente... Jesus caminhando sobre as águas. Como a imagem de água que eu tinha mais perto de mim era a do Rio Guaíba, hoje o lago que banha a minha cidade, era exatamente nas águas desse lago que eu via o barco, os discípulos dentro do barco e Jesus. Como poderia acontecer tal fenômeno? Era mais um milagre de Jesus.

 

Com o passar do tempo e estudando melhor o texto ou ouvindo com mais atenção a pregação do pastor ou da pastora nos cultos, a imagem antes tão nítida e com os personagens tão bem desenhados, foi ficando mais distorcida e o barco já não era tão nítido e nem os discípulos, mas estranho era que Jesus estava sempre ali, agora a representação da água era o mar do litoral do meu estado, sempre com muitas ondas que vão e vem.

 

Refletindo sobre os nossos dias, sobre os acontecimentos mundiais, sobre os acontecimentos climáticos extremados, muita chuva, muita seca, muito calor e muito frio; sobre incêndios florestais e enchentes avassaladoras; refletindo sobre as crises pessoais que as pessoas hoje divulgam em suas mídias sociais, sobre relacionamentos destruídos, famílias que não se entendem e sobre ações em nossos espaços de convívio que antes tinham uma formatação e hoje não têm mais, mudou, ficou moderno ou inovou; refletindo de quantas vezes ficamos atordoadas diante de tanta informação e de tanta (des) informação, no sentido de que nem tudo que está sendo informado é aproveitável, ficamos a pensar se é melhor ficar dentro do barco ou enfrentar as águas.


Como mulheres cristãs onde vamos buscar o nosso “barco”, nossa “âncora” ou o lugar sólido que nos faça sentir segurança e confiança? Talvez vocês já tenham a resposta bem elaborada em suas mentes e até saibam representar muito bem esse lugar, onde nos refugiamos e buscamos a solidez para continuar.

 

Iniciamos o ano, já passou o período de férias – período de descanso e renovo de energias. Já estamos novamente no corre-corre do dia a dia e enfrentando a rotina do trabalho, da casa e na igreja. Algumas pessoas estão iniciando tudo isso em novas “terras”, novas comunidades. Outras, com novos desafios e oportunidades.


Destaco aqui o mês de março, pois a cada ano tem sido para nós um mês de muitas atividades sobre as mulheres. Iniciamos com o Dia Mundial de Oração, que a cada ano nos faz conhecer a cultura das mulheres de determinado país e dedicar um dia de oração por essas irmãs. Depois vem o Março Lilás, uma semana de oração pelas causas das mulheres e também o Dia Internacional da Mulher. São muitos envolvimentos e atividades que nos levam a pensar em nossas condições e das nossas irmãs da igreja e fora da igreja. Atividades que nos levam a discutir a cada ano o mesmo assunto sob novos “olhares” e novas perspectivas.

 

Atividades que se tornam importantes, não para preencher calendários e agendas, mas para tornar nossa existência cada vez mais perceptível e marcante, para as tomadas de decisões sobre nós e sobre as mais variadas causas que envolvam mulheres. Muitas vezes estar nesses espaços e nessas atividades é estar como Pedro, dentro de um barco aparentemente seguro e sair e se arriscar a andar sobre as águas...
 

No texto bíblico, Pedro “vacilou” porque o vento e o tremor das águas lhe tiraram a concentração e o medo tomou conta. Nossas lutas e atividades muitas vezes estão sobre águas calmas; em outras, em águas turbulentas e o vento vai soprar e o medo vai nos afligir. Em qualquer situação, de tranquilidade ou de turbulência, Jesus está perto, bem perto. Ele chama para sairmos do barco e enfrentar as águas, seja do jeito que estão. Ele nos dá confiança e segurança, pois mesmo se submergirmos Ele segura as nossas mãos e nos faz voltar para o barco.
 

Precisamos de muita intimidade e conhecimento de Jesus, para andar sobre as águas como Ele andava, mas o mais importante e saber que mesmo não atingindo a plenitude para assim fazer, mesmo assim, Jesus estará sempre à frente nos olhando e nos segurando quando precisarmos. Queridas, com fé, esperança e crendo no Deus do impossível, vamos iniciar nossas atividades nesse ano, enfrentando as águas, seja dentro de um barco ou aprendendo a andar por sobre elas, pois sabemos muito bem que qualquer que seja o lugar, barco ou água, Jesus estará conosco.
 

Um carinhoso beijo,

 

Vera Elaine Marques Maciel
Presidente da Confederação Metodista de Mulheres


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