Tempos e Tempos
REFLEXÕES SOBRE O JUBILEU DE SÂNDALO DA VOZ MISSIONÁRIA
6Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus. 7De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. 8Ora, o que planta e o que rega são um, e cada um receberá a sua recompensa de acordo com o seu próprio trabalho. 9Porque nós somos cooperadores de Deus, e vocês são lavoura de Deus e edifício de Deus – 1 Coríntios 3.6-8 – NAA
Vivemos em um mundo em que a aceleração do tempo se tornou prática normal do cotidiano. Aplicativos de mensagens, por exemplo, são colocados normalmente em velocidade acelerada. Não há tempo de ouvir uma mensagem de voz em velocidade normal. Essa realidade vale para a organização das agendas e das prioridades. A pressa se tornou uma marca de nosso mundo. Por exemplo, eu gosto de jardim. Sempre que vou comprar mudas é comum encontrar mudas de árvores frutíferas que são vendidas “já produzindo”. Muitas vezes, o objetivo de muitos que têm espaço para um jardim é o de plantar um jardim para desfrute imediato, já com flores, arbustos altos e, caso haja espaço para árvores frutíferas, ter um pomar para colheita imediata. Não se valoriza o processo, o investimento de tempo, o cuidado com as plantas etc. Perdemos a alegria de ver o fruto de algo que demandou tempo, cuidado e compromisso e, assim celebrar o resultado.
O Apóstolo Paulo, ao dialogar com a Igreja de Corinto, em um conflito de reconhecimento de seu ministério, evoca o processo de crescimento das plantas como modelo para o desenvolvimento dos ministérios na Igreja e também para a organização da vida. “Um planta, outro colhe”! Assim, a vida corre em seu ritmo produzindo frutos. A vida de fé é como uma lavoura. Não se pode ter pressa. É preciso reconhecer o processo como algo que faz parte da vida. Também não se pode exacerbar segmentos do processo. Quem planta, quem cuida e quem colhe são igualmente importantes.
Essa discussão sobre o tempo lança luzes sobre o Jubileu de Sândalo da revista Voz Missionária. São 95 anos de existência onde muitas mãos plantaram sementes preciosas para transformar a vida de inúmeras mulheres e homens de nosso país em um jardim maravilhoso. Essas vidas, lavouras de Deus (nas palavras do Apóstolo Paulo), como um terreno fértil receberam essas sementes, frutificaram e continuam replicando sementes preciosas de vida e de paz.
O impacto de uma revista não pode ser medido em termos de estatísticas e números. Esse impacto precisa ser dimensionado ao longo do tempo, na perspectiva da semeadura onde, muitas das mãos que semearam vida e esperança ao longo da história da revista não viram os frutos que essas sementes produziram. Por outro lado, contemplam a glória de Deus como recompensa à fidelidade ao evangelho.
E nós hoje, contemplamos lindos jardins floridos que nasceram da semeadura ao longo desses 95 anos. Jardins que não plantamos, mas do qual desfrutamos, pois alguém sonhou com a semeadura. Somos desafiados e desafiadas a dar continuidade a essa semeadura, na perspectiva de que nossos filhos e netos possam contemplar lindos jardins – que eles não plantaram –, repletos de flores de vida e esperança. Sem pressa, sem o desejo de ver o fruto rapidamente produzido, que possamos ser lavouras de Deus e lavradores da esperança. E que a Voz Missionária continue sendo essa terra fértil para receber preciosas sementes que germinem em sinais de vida e esperança para transformar as vidas e a existência de muitas pessoas.
Rev. dr. Paulo Roberto Garcia