Voz e Você
“O meu coração transborda de belas palavras. Ao rei consagro o que compus; a minha língua é como a pena de um hábil escritor” – Salmo 45.1 (NAA).
Nós temos um grupo da família no WhatsApp. Acho que todas as famílias têm este grupo. Serena, minha netinha estava comigo, mas queria enviar uma mensagem para a mãe. Ela pediu meu celular e colocou uma porção de corações, bichinhos e carinhas felizes e enviou no grupo da família. Quando apertamos a tecla enviar, ela comentou: “A minha mãe vai ficar feliz com a mensagem que escrevi para ela”. Na sua mente, cada desenho, tinha um significado. Outro dia, recebi uma mensagem do meu filho cheia de carinhas, mas, no meio, tinha perdido um “oi” e um “Eu te amo”. Fiquei pensando no significado e logo deduzi que era a Serena começando a comunicar-se com as palavras e confirmei com meu filho. Ela está sendo alfabetizada e, de vez em quando, aparece uma mensagem carinhosa junto com os corações e outras gravuras. Esta mensagem tão simples enche o coração da avó de alegria.
As crianças aprendem de maneira bem natural esta verdade que é o tema desta edição: “Há poder nas palavras agradáveis e inspiradoras”. Durante muito tempo, um livro publicado pela Editora Vida, ocupou o primeiro lugar em vendas. O livro tem por título “Há poder em suas palavras”, de autoria de Don Gossett. O autor queria mostrar aos leitores como suas próprias palavras poderiam tornar-se condutoras da energia espiritual que trarão às suas vidas amor, alegria, paz, felicidade, sucesso e prosperidade.
Provérbios afirma que as palavras agradáveis são como favo de mel, doces para a alma e medicina para o corpo (Provérbios 16.24). A boa palavra é terapêutica assim como o favo de mel é terapêutico; renova as forças; dá brilho aos olhos; e promove renovação. Uma boa palavra faz bem para a alma e para o corpo. A boa palavra promove a cura emocional e física. Uma palavra boa e oportuna transmite graça. Funciona como medicina para o corpo; trata-se de um tratamento intensivo para o corpo.
Como é bom ser instrumento de Deus para consolar os tristes! Como é bom abrir a boca para falar a verdade em amor e encorajar as pessoas diante dos dramas da vida, dos sofrimentos, das perdas e das dores deste mundo. Vivemos num mundo onde palavras duras, mentirosas e desagradáveis imperam. Deus conta conosco para que nossas palavras sejam fonte de força para aqueles que as ouvem; que elas sejam agentes de transformação e esperança. O profeta era conhecido por ser a boca de Deus. Ao abrirem suas bocas, os profetas transmitiam as palavras de Deus para seu povo. Devemos ser as vozes de Deus em meio a um mundo que sofre.
As palavras são a forma de pensamento, mas elas vão além porque revelam a pessoa que fala. E quanto mais elas são relevantes, maior o impacto que produzem. Há uma relação direta entre conteúdo e boas palavras. Rubem Alves escreveu um livro para crianças. (Aliás, os livros para crianças que Rubem Alves escreveu são para nós, adultos.) O livro intitula-se “A princesinha que falava sapos”. Ele conta a história de uma linda princesa, chamada Linda, totalmente voltada para si e sua beleza, uma cópia feminina de Narciso. Pela falta de conteúdo, aquela princesinha, um belo dia, começa a soltar sapos pela boca. Cada vez que ela abria a boca, soltava um sapo. A notícia se espalhou e todos passaram a fugir dela. No mesmo dia em que ela nasceu, outra princesinha também nasceu, só que ela não era tão bonita como Linda, seu nome era Xerazade, tirado de As mil e uma noites. Essa jovem gostava muito de ler. O que encheu sua alma de coisas fascinantes e fez com que ela se interessasse por algo além de sua aparência física. Um dia, aconteceu algo fantástico com a princesinha: toda vez que ela falava saíam lindas flores perfumadas e coloridas. Por onde ela ia, era só falar para que jardins aparecessem.
Nossas palavras precisam transmitir esperança. Precisam ser veículos de vida e não condutores de morte. Precisam ser medicina para o corpo. O nosso grande exemplo de alguém que usou as palavras para transmitir vida é Jesus. Sempre que encontrava alguém machucado pela vida, Ele olhava com misericórdia e transmitia palavras de vida e cura.
As palavras sempre acompanham a compaixão. Jesus não disse para a viúva que seu filho não estava morto. Ele disse: “Não chore!”. O misericordioso assume parte da carga do outro por meio de palavras e atos. Jesus diz para a mulher: não chores para que a mulher parasse o seu choro. Mas, nesta frase, Ele coloca sua solidariedade e amor. A missão se concretiza pelo diálogo, com as palavras que saem da boca. As palavras de Jesus eram bálsamo na vida das pessoas. Tinham o poder de transformar a realidade e restaurar vidas.
Palavras verdadeiras, oportunas, bondosas e cheias de graça sempre alegram o coração. Mas, essas boas palavras dependem do que estamos colocando em nosso coração. Por isso, Jesus fala sobre a importância daquilo que sai de nossa boca porque vem diretamente do coração. Deus quer que nossas palavras sejam fonte de bênção para quem as ouve.
Valorizamos uma revista que existe há 94 anos sempre falando de paz, esperança, alegria e salvação; atingindo pessoas que não conseguimos alcançar, chegando aonde não conseguimos chegar. Muitas vezes, a transformação começa pelas palavras que chegam aos ouvidos. Estas palavras produzem uma nova vida e surge uma nova criatura. Logo depois, esta nova vida vem seguida de atitudes, gestos, cuidado, responsabilidade, aceitação. Nossas palavras podem – e devem – ser fonte de cura e esperança e vida.
Que a revista Voz Missionária continue sendo fonte de inspiração e encha o seu coração de belas e bondosas palavras até que ele transborde.
Com carinho,
Amélia Tavares