Voz e Você

Publicado em Voz e Você, por Redação em 23/05/2024


“De tudo que se deve guardar, guarde bem o seu coração, porque dele procedem as fontes de vida” – Provérbios 4.23

 

Este versículo começa assim: “De tudo”, ou seja, acima de tudo, a nossa maior prioridade deve ser guardar o nosso coração, a nossa vida interior. Vivemos um tempo de grandes conquistas, onde pensamos muito sobre o visível, o desejo de ganhar mais, de enriquecer e conquistar um lugar de destaque no mundo. De repente, isto se mostra um grande paradoxo com as palavras de Jesus, quando Ele afirma no Evangelho: “De que adiantará uma pessoa ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? [...]” – Mateus 16.26. No Evangelho de Lucas, temos a seguinte afirmação: “De que adianta uma pessoa ganhar o mundo inteiro, se vier a perder- se ou causar dano a si mesma? (9.25). Quantas pessoas alcançam grandes conquistas em suas vidas e, de repente, descobrem-se solitárias, sem amigos, sem família, algumas vezes, até sem saúde. Neste momento, descobrem que é muito tarde para repensar e redirecionar a sua vida.

 

Os versículos citados têm conexão com o tema dessa edição: a família. A família como espaço educativo. Na família, aprendemos a cuidar da nossa capacidade de sentir e guardar o nosso coração; sermos sensíveis ao outro e seu sofrimento, sua alegria, suas dores, seus sonhos, suas expectativas e até as pequenas dificuldades.

 

A vida não é só trabalho, produção, fazer, realizar, construir. Neste tempo de grandes realizações que vivemos, as crianças não são poupadas. Elas aprendem desde cedo que precisam competir para vencer. Suas agendas estão sempre cheias com diversas atividades e as mães e pais, quando é possível, ficam correndo para diversos lugares para ajudar as crianças na difícil tarefa de vencer, de serem as melhores em tudo que fazem. Um belo dia, os pais descobrem que estão causando danos às crianças na busca pelo sucesso.

 

A Igreja Metodista está trabalhando o tema da luta contra o racismo e o preconceito. O Ministério de Ações Afirmativas Afrodescendentes da 3ª Região Eclesiástica tem trabalhado esta questão de maneira eficiente. Temos muito a aprender e colocar em prática. Quando este tema vem à tona, eu me lembro da frase do Mandela: “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar". Aqui entra em cena, a importância da família no processo educativo.

 

Como podemos manter o nosso coração bem guardado? Nos versos 24-27, o autor de Provérbios, fala de três coisas: 1. Devemos cuidar das nossas palavras. Quando as palavras bondosas estão nos nossos lábios, elas também chegam ao coração; 2. Cuidar do olhar. Muitas vezes, temos um olhar deturpado, que não enxerga com clareza a maldade, a indiferença, o ódio e a corrupção. De repente, nossos olhos cansados tornam-se incapazes de ver a vida como ela é e ter um olhar de bondade; 3. Cuidar da vereda onde pisamos para que todos os nossos caminhos sejam retos. A tradução da Bíblia Visão Transformadora diz: “Estabeleça um caminho reto para os seus pés; permaneça na estrada segura”.

 

Sabemos que somente Deus pode nos dar sabedoria para que os nossos caminhos sejam firmes. O versículo de Provérbios nos lembra outro provérbio: “Vigia teus pensamentos, pois estes se convertem em palavras; vigia tuas palavras, pois estas se convertem em ações; vigia teus hábitos, pois estes conformam teu caráter; vigia teu caráter, pois este se converte em teu destino”. Esta era a advertência de Jesus.

 

Li uma história muito bonitinha outro dia, a respeito de uma menina que sonhou ganhar uma boneca nova no Natal.


Ela “namorou” a boneca muitas vezes na vitrine da loja e fez questão de mencionar seu desejo em frente de toda família para ver se alguém se comovia.

 

O Natal chegou e, para sua surpresa, a boneca tão desejada veio muito bem embrulhada num pacote cheio de laços vermelhos e dourados.

 

— Obrigada vovó, você é mesmo demais.


A festa foi se desenrolando, as horas passando até que a garotinha começou a ficar sonolenta. Ela juntou ao seu redor todos os presentes que recebeu, mas não conseguia se acomodar. Foi então que ela desapareceu da sala.

 

A vovó saiu à sua procura e a encontrou em seu quarto, agarrada a sua velha bonequinha, com feições desmaiadas, pouco cabelo e sem um braço. Foi então que ela desapareceu da sala.

 

— Parece-me que você não gostou tanto assim de sua nova boneca! Veio dormir com sua boneca velha.


— Vovó, eu adorei a boneca nova, mas sabe, ela é tão linda que qualquer pessoa pode amá-la, esta aqui não tem ninguém para amá-la, senão eu.

 

Esses valores de amor, cuidado e fidelidade só aprendemos na família e na nossa segunda família: a família da fé.
Deus abençoe a sua vida e a vida da sua família.

 

Com carinho,

Amélia Tavares.


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